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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

INUSITADO FMF defende árbitro que sacou arma no futebol amador: “Legítima defesa”

Juiz Gabriel Murta, que também é policial militar, revela que foi agredido e daria voz de prisão ao jogador. Chefe da comissão de árbitros garante que não haverá punição




As imagens do árbitro Gabriel Murta estão correndo o mundo pela internet (veja no vídeo acima). Em uma partida de futebol amador em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ele sacou uma arma após ser agredido por um jogador. O árbitro é soldado da Polícia Militar de Minas Gerais, e a corporação informou, por meio da sua assessoria de comunicação, que está apurando os fatos, mas que Gabriel não apontou a arma para alguém ou efetuou disparos (confira a íntegra da nota no final da matéria). O diretor de árbitros da Federação Mineira de Futebol, Giuliano Bozzano, saiu em defesa do juiz, alegando que ele tomou a atitude para se proteger. 
Tomei um tapa no rosto e chute na canela. Fui pressionado por vários jogadores e busquei a arma no vestiário para dar voz de prisão ao jogador
Gabriel Murta
- Ele agiu em legítima defesa. Todos sabem da dificuldade dos campeonatos amadores. Pelos árbitros já terem passado por situações difíceis. Já tivemos diversos casos de árbitros agredidos e até baleados. 
Gabriel Murta deu sua versão sobre a situação ocorrida na partida entre Amantes da Bola e Brumadinho. O árbitro disse que foi agredido em campo e foi até o vestiário buscar a arma de fogo para apartar a situação e dar voz de prisão ao jogador. 
- Eu tomei um tapa no rosto e um chute na canela. Fui pressionado por vários jogadores e busquei a arma no vestiário para dar voz de prisão ao jogador. Só que ele correu, pulou o alambrado e fugiu. Eu só quis me defender e tomar uma providência como policial. Fui agredido como cidadão, ele cometeu um crime. 
Árbitro que pegou a arma alegou que foi agredido (Foto: Reprodução/ Internet)Árbitro que pegou a arma alegou que foi agredido por jogador do Amantes da Bola (Foto: Reprodução/ Internet)
O policial militar relata que já teve outros casos de agressão no futebol amador, mas que não deixa o ofício por paixão.  
- Me sinto muito inseguro. Foi a terceira ou quarta vez que eu fui agredido, infelizmente.
Sem punição
Giuliano Bozzano disse que Gabriel Murta não será punido pela Federação Mineira. O dirigente explicou que os árbitros recebem semanalmente uma orientação de uma psicóloga e, neste caso especifico, a especialista concluiu que o ato não foi desmedido. 
Arbitro Giuliano Bozzano (Foto: Celso Avila / Futura Press)Giuliano Bozzano ressalta desrespeito com árbitros no Brasil (Foto: Celso Avila / Futura Press)
- O acompanhamento psicológico na Federação Mineira é continuo. Temos contrato com uma psicóloga que acompanha os árbitros semanalmente. Podem pensar, num primeiro momento, como tomamos a decisão de não puni-lo tão rapidamente. Mas nós, e a psicóloga, achamos que ele não agiu de forma desproporcional diante da circunstância. 
O diretor da comissão de arbitragem não acredita que a ação pode incentivar a violência no futebol amador. 

- Não deve (incentivar a violência) porque o Murta é um policial militar que tem a prerrogativa da arma e tem treinamento para isso. Os outros árbitros que não são policiais, não têm direito de portar arma de fogo. O Brasil vive uma crise de desrespeito às autoridades. Eu acho que isso fica mais acentuado com esse episódio.
A Federação Mineira de Futebol não escala, apenas indica os árbitros para as competições de futebol amador no estado. No entanto, Gabriel Murta está prestigiado no quadro de juízes de Minas Gerais e deve ser indicado ao quadro da CBF no final da temporada.
Confira a nota da Polícia Militar:
Em resposta ao contato via e-mail enviado à sala de imprensa da Polícia Militar de Minas Gerais, referente ao caso envolvendo o Gabriel Murta, temos a relatar:
1) O Gabriel Murta é funcionário público, servidor do Estado de Minas Gerais, atualmente com o posto de Soldado PM. O Gabriel é, também, árbitro do quadro da Federação Mineira de Futebol - FMF.
2) Como policial militar, ele possui porte especial de arma de fogo.
3) Na ocasião do ocorrido no estádio de futebol, o árbitro Gabriel Murta foi agredido, e, ao se sentir ameaçado, portou uma arma de fogo. Preliminarmente, em momento algum apontou a arma para alguém ou sequer efetuou disparo de arma de fogo.
A Subcorregedoria da Primeira Companhia Independente está apurando os fatos. O Sd PM Gabriel Murta continua trabalhando na função de soldado da PMMG e continua trabalhando como árbitro de futebol da FMF normalmente.

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